“Tempos de utopia e resistência: 45 anos da Novembrada” acontece até 28 de novembro e reúne fotos, jornais e documentos da manifestação

MARIA EDUARDA ASSMANN

“Tempos de utopia e resistência: 45 anos da Novembrada” celebra a manifestação contra a ditadura militar em 30 de novembro de 1979, em Florianópolis. A mostra estará em exibição no Hall de entrada da Biblioteca Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) até 28 de novembro, com entrada gratuita e aberta ao público. Na abertura da exposição, em 1° de novembro, foi realizada uma roda de conversa com estudantes, professores e técnicos-administrativos que participaram do protesto.

A Novembrada foi uma manifestação popular que aconteceu no centro da cidade, durante a visita do João Figueiredo a capital. O ex-presidente foi recepcionado por protestantes do Diretório Central dos Estudantes da UFSC e mais de 4 mil pessoas, que criticavam o valor do custo de vida, a alta inflação e as violações de direitos humanos. Sete estudantes foram presos, e protestos defendendo a soltura dos manifestantes ocorreram nos dias seguintes às prisões. “Foi o começo do fim da ditadura militar. É preciso relembrar mais, estudar mais, porque a gente aprende com a luta do passado para lutar no presente”, afirma Waldir Rampinelli, professor do Departamento de História da UFSC.

Organizada pelo Instituto Memória e Direitos Humanos (IMDH) da UFSC, a mostra apresenta fotos, documentos e jornais do acervo do IMDH e da Hemeroteca Digital Catarinense. A seleção dos materiais expostos foi feita por membros do IMDH com o objetivo de evidenciar as lutas pré e pós Novembrada, além da importância dos movimentos estudantis na história da UFSC e da educação brasileira.

Jullya Conceição, estudante de Sistemas de Informação na UFSC, afirma que a exposição auxilia a memória do passado a permanecer viva. “É fundamental para ajudar a entender a importância da construção de um Brasil livre e democrático”, declara Jullya.

Luiz Felipe Paiva, doutorando do Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE) da UFSC e estagiário de pós-graduação do acervo do IMDH, avalia que o impeachment de 2016 e as tentativas de golpe em 2022 e 2023 evidenciam a importância do estudo da história brasileira no período ditatorial. “Isso demonstra a relevância da luta por memória, verdade e justiça. É o que pretendemos despertar em quem visita a exposição, essa consciência histórica para a compreensão e a relação entre passado, presente e futuro”, conclui.