Polícias Civil e Militar invadem sede da UP em Florianópolis
Partido realizou plenária para denunciar ocorrido; PM justificou ação por supostas violações do direito a protesto
LETÍCIA LAURA
Policiais civis e militares cumpriram mandados de busca e apreensão na sede da Unidade Popular pelo Socialismo (UP) de Santa Catarina e na casa de militantes ligados a movimentos sociais, em Florianópolis, na quinta-feira (27). A “Operação Incursio”, ocorreu por volta das 6h para, segundo a Polícia Militar, apurar a atuação de um grupo suspeito de usar manifestações para “praticar atos que ultrapassam os limites legais”. Ao meio-dia, o partido realizou uma plenária para denunciar a operação e discutir medidas.
A presidente da UP de Santa Catarina, Julia Andrade Ew, afirmou que os agentes arrombaram a porta da sede, reviraram o espaço e levaram computadores e celulares. “Quando entram na nossa casa e pegam nossos pertences, querem que a gente sinta medo”, disse. Julia afirmou que considera o episódio parte de um processo de “criminalização dos movimentos sociais” pelo governo catarinense.
Em nota enviada à imprensa, a Polícia Militar informou que a operação cumpriu sete mandados de busca e apreensão em Florianópolis, Navegantes e Itajaí e buscou “reunir novas evidências e aprofundar as apurações”. A PMSC citou quatro episódios ocorridos em Itajaí. A entrada em um estabelecimento privado, em abril; uma invasão de um supermercado, em maio; uma tentativa de impedir a realização de um evento da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), em agosto; e a invasão de um prédio em construção, em setembro.
A coordenadora nacional do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), Laís Paganelli Chaud, relatou ter sido surpreendida por policiais e pelo batalhão de choque em sua casa. “Revistaram a minha casa toda. Não encontraram nada, mas levaram alguns cadernos, meu celular pessoal e o meu computador, que são meus meios de trabalho”, afirmou. Ela disse que os policiais mostraram um mandado de busca e apreensão e mencionaram que a origem seria um procedimento em Itajaí.

Presente na plenária para prestar solidariedade e oferecer apoio, o vereador Leonel Camasão (Psol) disse que não considera normal a polícia entrar em sedes partidárias. “Isso é absolutamente inadmissível e intolerável. Ainda mais pelo motivo que estão alegando, que é o excelente trabalho que vocês fazem em relação à luta por moradia e por terra”, afirmou.
O advogado Murilo Silva, membro da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Santa Catarina (OAB-SC), questionou a legalidade da invasão da sede de um partido político em razão de um inquérito. Partidos políticos têm autonomia garantida pela Constituição Federal. Após as operações desta quinta, diversos partidos políticos, movimentos sociais e sindicatos manifestaram apoio ao partido por meio de notas e publicações nas redes sociais.









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