Estrutura da UFSC para alunos com deficiência é insuficiente
Falhas em elevadores e calçadas afetam mobilidade de mais de 1,65 mil estudantes em 2025, contrariando normas de acessibilidade
LORAYNE CARVALHO
A quantidade de estudantes com deficiência na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) aumentou em 110% desde 2020, mas a precária infraestrutura dos campi prejudica a rotina acadêmica dos alunos. Rampas irregulares, calçadas desgastadas e elevadores fora de serviço atrapalharam os mais de 1,65 mil estudantes PCDs que frequentaram o campus Trindade, em Florianópolis, em 2025. Os dados são da Coordenadoria de Acessibilidade Educacional (CAE)
A necessidade de planejar cada trajeto é constante. Lucas Stank Silva, estudante de Direito e usuário de cadeira de rodas, depende de um ônibus que sai às 7h do bairro Carianos e vem direto para a UFSC. “Se eu perder tenho que pegar outro para fazer a baldeação. Prefiro pegar um só,” conta.

Ao chegar no campus, os desafios continuam. Os elevadores do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) apresentam problemas recorrentes. “Às vezes tenho que usar o elevador do Centro Socioecônomico e ir pela passarela que conecta os blocos”, relata Lucas. A irregularidade das calçadas também o obriga a planejar desvios. “Tem alguns lugares que são difíceis de chegar, o calçamento é muito irregular,” afirma.
Lucas acredita que há apoio institucional, mas não o suficiente. “Às vezes, por falta de recursos faltam pessoas para ajudar.” Os relatos expõem riscos de segurança ignorados. Patrícia Schlemer, estudante de Ciências Sociais com baixa visão, mora na saída da Carvoeira para facilitar o deslocamento. Como não consegue identificar os ônibus, ela repete sempre o mesmo trajeto. “Se tem obstáculos no caminho, leva um tempo até eu descobrir outra forma e me sentir segura,” explica.
O risco se concretizou recentemente em uma obra no Centro de Ciências da Educação (CED). Sem qualquer sinalização, os trabalhadores deixaram areia e pedras soltas espalhadas na calçada. Patrícia caminhou sobre o material com sua bengala sem perceber o perigo. “Até avisei ao pessoal da obra: ‘gente, vocês têm que sinalizar isso corretamente, pelo amor de Deus’. Não tinha acessibilidade nenhuma,” lembra.

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015) estabelece que instituições de ensino superior devem garantir acessibilidade arquitetônica e urbanística. Os relatos dos estudantes evidenciam o descumprimento dessas determinações no campus. A Coordenadoria de Acessibilidade Educacional (CAE) e a Agência de Comunicação da UFSC (Agecom) não responderam os questionamentos do Fatual UFSC até o fechamento desta matéria.









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