Projeto de teatro fortalece vínculo escolar de estudantes na Palhoça

Grupo reúne alunos do 6º ao 8º ano e mesmo com recursos limitados mostra resultados em participação escolar

MATHEUS LOCKS

O teatro se tornou uma das atividades mais procuradas pelos estudantes do 6º ao 8º ano da Escola Básica Professora Adriana Weingartner (E.B.A.W), no bairro Caminho Novo, em Palhoça (SC). Coordenado pela orientadora pedagógica Patrícia Carla Brito, o projeto começou em 2019 para lidar com uma turma considerada indisciplinada, mas ganhou força ao longo dos anos e hoje é reconhecido pela comunidade escolar por transformar a relação dos jovens com a aprendizagem e com a própria instituição.

Atualmente com 16 participantes, o grupo apresentou nesta semana a peça Chapeuzinhos Coloridos para pais e alunos. Segundo Patrícia, a atividade tem mostrado resultados consistentes no comportamento e na desenvoltura dos estudantes. “Tenho dois alunos que nem perguntavam em sala de aula por vergonha. Hoje apresentam trabalho, participam e até ajudam a organizar o grupo”, explica. O projeto segue sem verba fixa da escola e é mantido com apoio voluntário e adaptações. “Para fazer figurino, às vezes preciso pedir ajuda da minha mãe. Trabalhamos com o que temos, mas o retorno compensa”, diz.

Entre os alunos, a percepção é semelhante. Thalita de Abreu Rodrigues, de 13 anos, nunca tinha atuado antes e diz que o teatro mudou sua relação com a escola. “É muito legal e criativo. A gente se aventura, tenta algo novo. Me deu coragem para apresentar trabalho, eu gaguejava muito antes”, afirma. A colega Aline da Silva de Oliveira, também de 13 anos, destaca como a prática exige dedicação. “A gente acha que quem faz filme já nasce com talento, mas dá muito trabalho. Quando vê todo mundo gostando do que tu fez, é muito bom”.

A estudante Thaís Correa, que voltou ao teatro depois de praticar ainda na infância, afirma que a atividade foi essencial para superar a timidez. “Não tenho mais vergonha de apresentar. Em sala, consigo falar sem medo e isso mudou muito para mim”, relata. Professores da escola também observaram diferença na forma como os alunos se expressam durante as aulas.

Além do impacto pedagógico, o teatro passou a ser um espaço de convivência entre turmas e turnos distintos. Durante os encontros, os estudantes compartilham experiências pessoais, criam vínculos e constroem um ambiente de apoio, segundo Patrícia. “Eles se conhecem de outras turmas e até de outros bairros. No fim dos ensaios, ficam conversando na frente da escola. Criaram uma relação que vai além da peça”, afirma.

A pré-estreia, realizada para familiares, trouxe emoção e surpresa. “Os pais disseram que não sabiam que os filhos tinham esse talento. Alguns pediram para continuar participando mesmo trocando os filhos de escola no ano que vem”, conta Patrícia.

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