Editora alternativa confecciona todos os livros manualmente e nunca repete as capas

RAISSA HÜBNER

A editora Katarina Kartonera se destacou por produzir livros com materiais reciclados na segunda edição do Festival Literário da UFSC (FLUSFC) Travessias Literárias, que ocorreu entre 14 e 16 de outubro e contou com a presença de outras 24 editoras. Os estandes ocuparam o saguão do Centro de Eventos do Campus Trindade da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis.

“Katarina por conta do estado de Santa Catarina e Kartonera porque a palavra cartón, que vem do Espanhol, significa papelão”, explica Evandro Rodrigues, criador e editor responsável pela Katarina. Há 16 anos no mercado, a editora alternativa possui um diferencial em relação ao modo de fabricação: Evandro confecciona todos os livros manualmente, utilizando papelão reciclado.

O editor faz todo o processo de produção dos exemplares sozinho, desde a costura das páginas até as pinturas em aquarela. As capas produzidas artisticamente por Evandro são exclusivas, ou seja, elas nunca se repetem, nem para os mesmos títulos.

A Katarina também promove Oficinas Cartoneras desde 2009, com a proposta de ensinar a técnica da cartonagem para os interessados. As oficinas são ministradas por Evandro e ocorrem dentro da universidade e em escolas públicas por todo o Brasil. O editor também ensina a técnica ao público e aos colegas de estande do Flufsc.

“Não somos concorrentes”, esclarece Evandro, “trabalhamos para manter viva a literatura.”

Com cerca de 40 títulos publicados, as obras integram acervos importantes por todo o mundo, incorporados em universidades dos Estados Unidos, Espanha e Canadá. Em 2012, o projeto fez parte da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e circulou por vários estados do interior do país. Hoje, a publicação de livros cartoneros se tornou um fenômeno internacional, e editoras deste ramo já existem em todos os países da América Latina.

O FLUFSC é realizado pela Secretaria de Cultura, Arte e Esporte (SeCArtE) da UFSC, que esperava contribuir para uma visão mais ampla sobre leitura e literatura e provocar um espaço de debate sobre a produção literária contemporânea, segundo Ivo Caoê, da coordenação da SeCArtE. O evento fez parte da programação das ações comemorativas dos 100 anos de Salim Miguel, escritor catarinense com mais de 30 livros publicados. Desde o início do ano, a universidade já promoveu três atividades em alusão ao centenário.