Grupos de animais com até 90kg ocupam entorno e pistas de vias públicas com frequência

ADRIELLI DUARTE

O aumento da presença de capivaras em áreas urbanas de Florianópolis tem preocupado moradores devido ao risco de acidentes. Luciano da Silva Joswiack, motorista de aplicativo, relatou que um amigo atropelou uma capivara próximo ao aeroporto da cidade, o que resultou em danos graves ao veículo. “Desde então, tenho mais cuidado, já desviei de famílias inteiras”, afirmou.

Gustavo Dalzotto e Marcos Neto, estudantes de Agronomia, disseram ver capivaras com frequência pastando próximos ao shopping Villa Romana, no bairro Santa Mônica. “É perigoso para elas estarem tão próximas das vias movimentadas”, disse Marcos.

A capivara é o maior mamífero roedor do mundo. Alcança 91kg, com 60cm de altura e até 1,2m de comprimento. Seu habitat, associado a rios, lagos e pântanos, se estende por toda a América do Sul a leste dos Andes. Adaptável, consegue viver em ambientes muito alterados pela ocupação humana.

Segundo o biólogo Maurício Eduardo Graipel, as capivaras, adaptadas ao ambiente urbano, estão se estabelecendo em locais onde recursos básicos como água e alimento estão espalhados, o que amplia sua área de atividade. “Para elas os atropelamentos são o principal risco. Mas esses animais ainda são caçados, além de serem perturbados por cães e pessoas que se aproximam inadvertidamente”, diz Maurício.

Ele afirma que para reduzir os riscos para os animais é necessário dificultar o acesso a recursos como água e alimento, além de implementar medidas como sinalização, redutores de velocidade, passagens de fauna, cercas e educação ambiental.

Em Florianópolis, o resgate de capivaras é realizado pela Polícia Militar Ambiental de Santa Catarina e pelo Corpo de Bombeiros. Os animais feridos são encaminhados para os Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) para tratamento e reabilitação.

Segundo a assessoria do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), as medidas para evitar acidentes devem ser realizadas pelo poder público local. Ações de controle populacional de capivaras, como o manejo, ainda não são consideradas necessárias pelo órgão.

Por serem animais silvestres, o manejo de capivaras só é permitido quando autorizado por órgãos ambientais, em caso de riscos à saúde pública ou ao meio ambiente. O nome capivara vem do Tupi e significa “comedor de capim”.