Candidatos à Prefeitura de Florianópolis apresentam propostas de apoio a imigrantes

Estudantes de jornalismo da UFSC os questionaram em entrevistas nos dias 26 e 27 de setembro

ELLEN RAMOS

Florianópolis é o terceiro destino de Santa Catarina mais procurado por imigrantes, de acordo com o Sistema de Registro Nacional Migratório (Sismigra). Em 2019, o Centro de Referência e Atendimento a Imigrantes (CRAI-SC) na capital foi fechado, deixando os imigrantes sem assistência de órgãos públicos. Candidatos a prefeitura do município foram entrevistados na Rádio Ponto UFSC e responderam como pretendem tratar o tema.

Topázio (PSD), que esteve à frente da prefeitura nos últimos dois anos, afirmou que os imigrantes que chegam a Florianópolis são acolhidos pelas redes municipais de ensino e saúde. O candidato disse que não há apoio financeiro do Governo Federal para essa política pública, que fica a cargo do município. “Não tenho condições de fazer um programa habitacional só para os estrangeiros, nós temos dificuldades de habitação até para quem já mora na cidade”, disse.

Ele assegurou que o projeto de implantação de unidades habitacionais no maciço do Morro da Cruz, desenvolvido atualmente pela prefeitura, poderá ajudar os imigrantes. “Já existe no site da prefeitura uma página de cadastro, onde é possível, inclusive para os estrangeiros, requisitar essas unidades.”

Marquito (PSOL) declarou ser autor da lei da política municipal da população imigrante, em conjunto com o ex-vereador Lino Peres. O candidato comenta que na pandemia aprovou, como vereador, uma lei para que a população imigrante pudesse acessar benefícios sociais mesmo sem ter a documentação adequada.

“Quero aplicar os princípios da lei da política municipal da população imigrante na educação, na saúde, no acesso à moradia, na formação profissional e na Geração de  Emprego e Renda”, disse. Marquito afirma que pretende reabrir, em conjunto com o governo do estado e outros órgãos, o Centro de Referência e Atendimento a Imigrantes.

Pedrão (PP) afirmou que o município tem que se organizar financeiramente antes de poder entregar políticas públicas. O candidato diz que a dívida fundada de Florianópolis supera R$ 1 bilhão, e que a dívida de curto prazo soma quase R$ 500 milhões. “Todas essas ações envolvem recursos. É necessário olhar para essa questão financeira para daí sim criar ações efetivas, e acolher de forma responsável todos os imigrantes que estão vindo para Florianópolis”.

Lela (PT) declarou a intenção de criar na capital a Casa do Imigrante, um ambiente de amparo social. “Receberá a todos, não só os venezuelanos que são uma grande parte no Estado, mas também o número crescente de paraenses, de acrianos, do maranhão que tem vindo para trabalhar”.

O candidato do PT afirmou que a base de formação de Florianópolis é forte no ponto de vista do ensino superior, tecnológico e técnico. “Por mais que seja caro o aluguel, as pessoas acabam vindo para cá porque precisam sobreviver. Precisamos repactuar essa questão para que possamos recebê-los bem”.

Portanova (Avante) afirmou que seu programa de governo inclui um estudo de línguas para interação com outros países, seja com os Estados Unidos ou com países da América Latina. “Vamos criar um centro de educação e convivência, principalmente linguística, para as pessoas aprenderem o espanhol”, afirma o candidato. Portanova disse ter a intenção de integrar os imigrantes na cidade através de seu idioma e de sua cultura. “É possível integrá-los oferecendo uma renda para que ensinem suas línguas maternas à população de Florianópolis. Todos têm a ganhar, tanto pelo ponto de vista educacional, quanto pela integração”.

Brunno Dias (PCO) afirmou que o Centro de Imigrantes deve ser reaberto. “Tem que buscar organizar um conjunto de pessoas que tenham interesse nisso e a partir daí ampliar a questão, para conseguir resolver esse problema”, disse Brunno. O candidato afirmou que a vinda de imigrantes é uma questão política internacional e que todos que buscam ajuda do país devem ser abraçados. “Fechar o centro de imigração não resolve nada e só piora o município”.

Mateus Souza (PMB) disse que para dar assistência aos imigrantes será necessário pedir ajuda ao Governo Federal. “A prefeitura de Florianópolis se encontra muito mal financeiramente, existe uma dívida muito grande e mal sobra dinheiro para nada”.

Os candidatos Dário (PSDB) e Carlos Muller (PSTU) serão entrevistados dia 30 de setembro, segunda-feira.

Portanova (Avante) em entrevista para a Rádio Ponto UFSC. Foto: Marina Bernardo.

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