Carcarás, da família dos falcões, são flagrados em construções altas do município; especialista afirma que não há motivo de alarde

ELLEN RAMOS

“Depois que comecei a ver esse pássaro enorme no início de agosto, os pombos sumiram e meus gatos não querem mais dormir na sacada”, diz Alecsandra Padilha, moradora do 13° andar de um prédio em São José (SC). Como ela, muitos residentes do município ficaram surpresos ao receberem visitas das aves em suas janelas ou varandas. 

A síndica de um edifício no bairro Nossa Senhora do Rosário, Selma Regina Albanit, emitiu um alerta aos condôminos para prestarem atenção às janelas abertas. “Um condômino viu uma reportagem de uma ave que entrou em uma casa atrás de uma cachorrinha. Avisamos a todos por precaução”. 

O carcará, ave de rapina da ordem Falconiformes, habita o centro e o sul da América do Sul e alcança envergadura de asas próxima a 1,2m. A ave combina hábitos raptoriais (águias, gaviões e falcões) e carniceiros (abutres/urubus). O descarte incorreto de lixo e carniças expostas podem atrair o animal. Não é indicado alimentá-lo.

“O motivo de estarem se aproximando dessa região é por seus hábitos oportunistas e pela perda do seu habitat”, afirma Amandah Sant’ Helena, veterinária de animais exóticos e silvestres. Ela aponta que essa época do ano é o período em que esses animais podem estar mais ativos na busca por alimento, tanto para si quanto para seus filhotes. Amandah ressalta que a presença de carcarás vai se tornar cada vez mais comum independente da época do ano, devido a redução gradual do habitat das aves.

“Donos de pequenas aves e roedores devem tomar cuidado, mas cachorros e gatos, mesmo das raças de menor porte, estão seguros, o carcará apresenta pouca ameaça a animais domésticos de porte maior que um porquinho da índia”, diz o ornitólogo Guilherme Renzo Rocha Brito, professor do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC.

A recomendação é evitar aproximações, pois o carcará tem garras afiadas, bico forte e pode causar ferimentos. “Mas não é necessário alarde, o animal não atacaria animais domésticos, consegue outro tipo de comida facilmente”, explica  o professor.