Após 117 dias, TAEs da UFSC encerram greve e voltam ao trabalho na segunda (8)

Assinatura de Acordo Local de Greve entre reitoria e Sintufsc determina reposição qualitativa do trabalho represado durante paralisação

MARIA EDUARDA FURLANETTO E MAITÊ SILVEIRA

“117 dias de luta por uma universidade pública, gratuita e de qualidade”, celebrou o Comando Local de Greve dos técnicos-administrativos em educação (TAEs) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ao encerrar a greve da categoria nesta sexta-feira (5). Representados pelo Sindicato de Trabalhadores em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (Sintufsc), os servidores assinaram o Acordo Local de Greve com a reitoria, que determina a retomada das atividades laborais na segunda-feira (8). 

Na tenda fixa de greve dos TAEs – em frente à reitoria I, no campus Trindade, em Florianópolis – o reitor, Irineu Manoel de Souza, e a pró-reitora de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas, Sandra Regina Carrieri, assinaram o termo de acordo, aprovado previamente na quarta (3). A dirigente do Sintufsc, Giana Carla Laikovski, e os representantes do Comando Local de Greve também foram signatários.

Prevista na cláusula quinta, a retomada laboral acontecerá no primeiro dia útil após a celebração do termo. Do Sintufsc, Giana destaca que a volta ao trabalho não implica no atendimento imediato ao público. “Cada setor tem a autonomia de organizar o retorno internamente. Para a Biblioteca Universitária, por exemplo, isso significa alguns dias de planejamento antes de abrir à comunidade”, explica.

Para cumprir as demandas represadas pela greve, os servidores e chefias devem elaborar um plano de reposição laboral em conjunto. Segundo o documento, a compensação do trabalho “será realizada levando-se em consideração aspectos qualitativos”, e portanto, feita durante a jornada regular de trabalho e sem cobrança de banco de horas, inclusive no Hospital Universitário (HU). 


“Durante a greve, recebemos denúncias de assédio aos servidores pelas chefias. Nós estamos cientes que isso pode aumentar com o retorno”, afirma Giana.


A fim de encerrar os conflitos, o Comando Local de Greve formará uma comissão de acompanhamento com canais de denúncia. No acordo, a reitoria também se compromete a negociar permanentemente com o Sintufsc, para “sanar conflitos e superar problemas que possam surgir”.

Conquistas da mobilização

Além das condições de retorno laboral, o Comando aponta como conquistas a consulta prévia para escolha da superintendência e a revisão das avaliações dos laudos de insalubridade do HU, e a constituição de uma comissão para restaurar o Restaurante Universitário (RU). 

“Os TAEs abriram mão de qualquer vantagem salarial e de carreira para apostar na recomposição orçamentária. Sabemos que uma universidade com investimento do governo vai perseverar”, afirma o técnico Jorge Balster, presidente da mesa na Assembleia-Ato. 

O acordo local reafirma a negociação aprovada a nível nacional entre a Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra) e o governo federal, em 27 de junho. Estão garantidos o reajuste salarial de 14% – 9% em 2025 e 5% em 2026, com aumento na progressão salarial de 0,1% para cada ano – e a reestruturação do plano de carreira. 

Balster ressalta que a mobilização superou as expectativas de adesão. No auge, cerca de 1,6 mil TAEs paralisaram as atividades, 270 somente no HU.


“A greve é um instrumento de luta. Hoje, é o fim da paralisação, mas a nossa luta vai continuar todos os dias, em todos os setores”, defende.


Com o fim da greve, TAEs retiram cartazes do prédio da reitoria após 117 dias. Foto: Maria Eduarda Furlanetto

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