Ingestão de plásticos por animais marinhos aumentou dez vezes em sete anos, indica estudo da UFSC
Detritos plásticos representam em média 70% dos resíduos encontrados nas praias
NAYARA SANTOS
O estudo “Uma revisão dos detritos plásticos na costa sul-americana do Oceano Atlântico – Distribuição, características, políticas e aspectos legais”, realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), concluiu que o nível de poluição na região é equivalente ao dos oceanos mais poluídos do mundo. A análise foi publicada na revista Science of the Total Environment em maio deste ano.
A revisão de 181 artigos científicos que aborda a costa sul-americana do Oceano Atlântico revelou uma quantidade elevada de materiais plásticos nos sedimentos costeiros, mares, oceanos e biota marinha.
De acordo com a pesquisa, de 2010 a 2017, a ingestão dos detritos por tartarugas, peixes, aves e mamíferos marinhos aumentou em dez vezes. Dentre os animais analisados, as tartarugas verdes (Chelonia mydas), a ave marinha piru-piru (Haematopus palliatus) e o pinguim de Magalhães (Spheniscus magellanicus) são os mais afetados pela poluição dos oceanos.
O mestrando Igor Marcon Belli, orientado por Armando Borges de Castilho Júnior e coorientado por Davide Franco, ambos professores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental (PPGEA/UFSC), identificou que os detritos plásticos representam em média 70% da composição total dos resíduos encontrados nas praias.
Segundo Igor, apesar de seu potencial econômico, o Brasil está atrás de Uruguai e Argentina em relação a políticas nacionais para redução do uso e impedimento que os plásticos descartáveis, que são os mais presentes nos ambientes marinhos, cheguem aos mares e oceanos.
“Existe a necessidade imediata de uma legislação brasileira para esse problema”, afirma.

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