Professores da UFSC mantêm greve até próxima segunda-feira (10)
Em assembleia, também foi aprovado início da campanha para desfiliar Apufsc ao Proifes
MAITÊ SILVEIRA
Fortalecer a categoria docente, acompanhar a conjuntura nacional da greve e se solidarizar com os estudantes e técnicos-administrativos em educação (TAEs). Este foi o posicionamento que prevaleceu entre os 353 professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) presentes na Assembleia Permanente de Greve da categoria nesta terça-feira (5). Em votação, 319 docentes foram favoráveis à manutenção da greve até a próxima segunda-feira (10), data em que nova assembleia será realizada para discutir novamente a continuidade da greve. Outros 23 credenciados optaram pela suspensão e 11 se abstiveram.
O auditório do Espaço Físico Integrado 1 (EFI-1) do campus Trindade, em Florianópolis, com capacidade para 180 pessoas, estava superlotado com 310 presentes, além dos 43 online. No início da sessão, o Comando de Greve Docente criticou a situação do prédio, que estava sem água por falha em uma das bombas hidráulicas.
Para a professora do departamento de Psicologia da UFSC Luisa Mota da Silva, os problemas de infraestrutura geral da universidade, como a falta de água, não podem ser sobrepostos por uma negociação que contemple somente os aumentos salariais.
“Não podemos fingir normalidade em usar banheiro no prédio ao lado. O teto que cai em cima da gente é o mesmo para todos”, comentou.
Além de Luisa, outros docentes enfatizaram o caráter de preocupação coletiva da greve e criticaram as propostas de negociação feitas pelo governo. Na segunda (3), a categoria rejeitou mais um acordo proposto pelas autoridades federais, que não contemplava a recomposição orçamentária das instituições.
Durante uma hora, os docentes puderam defender os posicionamentos por até três minutos cada. A professora de Artes Cênicas Marília Carbonari, integrante do Comando de Greve, ressaltou a necessidade de aumentar a disposição e vontade política dos professores que, segundo ela, enfraqueceram após a decisão do Sindicato de Professores das Universidades Federais de Santa Catarina (Apufsc-Sindical) de encerrar a greve.
“Quem decide é a categoria, não o sindicato. Precisamos de ações concretas, de mais ‘braços e pernas’ para que o movimento cresça unido”, disse.
Ela acrescentou que os ataques aos grevistas aumentaram. “Somos 300, sim. Mas somos 300 resistindo a ataques muito mais violentos do que na semana anterior”.
Entre os principais encaminhamentos, os docentes aprovaram o início da campanha para a desfiliar a Apufsc à Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes), que não possui carta sindical.
À pedido do professor aposentado Lino Peres, um documento com as reivindicações da categoria – entre elas, a recomposição orçamentária da universidade, o ajuste salarial e a reconstrução do plano de carreira – será redigido e enviado às deputadas federais Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e Dandara Tonantzin (PT-MG) para reforçar as demandas grevistas no Legislativo.
O Comando de Greve Docente também reforçou o convite para que mais professores façam parte da organização grevista e participem das mobilizações. Nesta quinta-feira (6), às 15h30, os docentes farão um ato unificado com o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), da Avenida Mauro Ramos, em Florianópolis.

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