Servidores da UFSC discutem impactos da reforma administrativa em assembleia do Sintufsc

Funcionários acreditam que projeto prejudicará serviços públicos em áreas essenciais, como saúde e educação

CÁTIA SILVIA PINTO

O Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal de Santa Catarina (Sintufsc) realizou, em 18 de setembro, uma Assembleia Geral Extraordinária no auditório da Reitoria da UFSC para discutir os efeitos da proposta de reforma administrativa que tramita no Congresso. A pauta central foi a avaliação das consequências da medida para os serviços públicos e a definição de estratégias de mobilização. 

Participantes apontaram que a reforma pode reduzir a presença do Estado em áreas essenciais como saúde, educação e assistência social. Também pode haver um favorecimento da terceirização e da privatização. Segundo os servidores, a diminuição de concursos e de quadros efetivos comprometeria a execução de políticas públicas e atingiria diretamente a população de baixa renda que depende desses serviços.

Também foi destacada a relação entre condições de trabalho e qualidade do atendimento. A carência de recursos humanos, de equipamentos e de estrutura física já afeta o cotidiano das universidades e hospitais, e a aprovação da reforma agravaria esse cenário. “O serviço público vai continuar, mas com menos apoio do Estado a sociedade será obrigada a pagar para acessar direitos básicos”, afirmou o químico João Francisco Gomes Corrêa.

O papel do sindicato foi outro ponto em debate. Os trabalhadores reconheceram a atuação da entidade na defesa da categoria, mas observaram que a mobilização depende do engajamento da base. A técnica de informática Silmara Manha Bosco ressaltou que muitos servidores confiam na representação sindical, mas acabam delegando a luta: “É como se fosse tercerizar a mobilização. A força do sindicato vem de cada um dos servidores”. O Sintufsc representa cerca de 2700 servidores, de acordo com o Quadro de Referência de Servidores Técnicos-Administrativos.

Para a direção do sindicato, a assembleia marcou o início de uma nova etapa de esclarecimento sobre os impactos da proposta. Jorge Balster, coordenador geral do Sintufsc, destacou que os servidores enfrentaram perdas salariais de cerca de 70% após ficarem quase uma década sem reposição e lembrou que a greve de 2024 se estendeu por 117 dias. Segundo ele, mais da metade dos servidores da universidade e 70% dos trabalhadores do Hospital Universitário aderiram ao movimento. “É importante que a categoria esteja esclarecida do perigo que ronda o serviço público e a universidade”, afirmou.

Entre as formas de mobilização discutidas estiveram atos públicos, paralisações e uso das redes sociais como instrumento de pressão e informação. A gestão do sindicato, que assumiu o comando oficial da organização três dias após a assembleia, em 22 de setembro, anunciou que a luta contra a reforma administrativa será prioridade e que as atividades de conscientização serão intensificadas nos próximos meses.

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