Animais nascidos em cativeiro são pioneiros em participar do programa de reintrodução do instituto

INGRID CALIXTO

Duas lontras de oito meses de idade, criadas em ambiente controlado, foram soltas no dia 4, na Lagoa do Peri, em Florianópolis. A iniciativa do Projeto Lontra Ekko Brasil teve apoio de órgãos ambientais e instituições privadas. Esta é a primeira vez que animais sob seus cuidados são reintroduzidos na natureza.

De acordo com a veterinária do projeto, Priscila Santos Esteves, a reintrodução dos animais na natureza causa benefício ecológico na região da Lagoa do Peri e reforça a população de espécies em declínio. As lontras são mamíferos carnívoros que vivem em rios e lagos de água doce. Adultas, medem entre 55 a 120 cm do nariz à cauda e pesam até 35 kg. A espécie está na lista de animais ameaçados de extinção. 

Os irmãos, um macho e uma fêmea, são filhotes de Nanã e Lucky. Nanã foi resgatada em 2016, enquanto tentava mamar no corpo da mãe morta sob a Ponte Hercílio Luz. Lucky foi encaminhado ao projeto após ser entregue a um zoológico.

Apelidados de gêmeos, os filhotes de oito meses, embora nascidos em cativeiro, foram preparados desde cedo para a vida selvagem. Passaram por exames e foram mantidos isolados de outros animais, apenas com contato materno, o que facilita a adaptação.

Desde 2017, 14 lontras nasceram no projeto focado na continuidade da espécie na região. A lontra está classificada como “quase ameaçada” no Brasil, na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Segundo a coordenação do projeto, os animais continuarão monitorados por pelo menos um ano através de câmeras e análise de vestígios. Caso se reproduzam e realizem o deslocamento natural esperado, o projeto vai considerar a reintrodução de mais lontras na natureza no futuro.

Fundado em 1986, o Projeto Lontra atua no monitoramento de lontras, furões e iraras na região. A ação foi monitorada pelo Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pela Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram), com auxílio financeiro e técnico do Oceanic Aquarium.