Produção de rendas de bilro terá selo de qualificação em Florianópolis

Lei pretende valorizar economia local, artesanato e tradição cultural

LUIZ CUCCO

A lei que institui o Selo de Qualificação e Certificação da Renda de Bilro produzida em Florianópolis foi assinada pelo prefeito Topázio Neto (PSD) durante a comemoração do Dia do Manezinho. Aprovada pela Câmara de Vereadores, a Lei nº 11.397/2025, de autoria do vereador Renato da Farmácia (PSDB), estabelece que as peças de renda produzidas no município recebam uma etiqueta que identifique a origem artesanal.

Durante a cerimônia, o vereador disse que a iniciativa partiu de reclamações de que rendas produzidas em Florianópolis estavam sendo comercializadas no exterior como se fossem fabricadas em outro lugar. “É um desprestígio para quem faz da renda uma verdadeira arte, uma sequência da cultura passada desde o século XVIII”, afirma.

Para a rendeira Marion Batista de Martino, a nova lei traz “dignidade ao trabalho de mulheres que sempre foi doméstico”. Ela aprendeu a fazer renda de bilro com a sogra, que brincava que ela só seria uma boa nora se soubesse confeccionar a peça. Após aceitar o desafio, ela descobriu uma paixão.

Hoje, Marion faz parte do coletivo de rendeiras do bairro Campeche. Ela fundou o grupo ao perceber que “a tradição passada de mãe para filha vinha se perdendo, e as rendeiras precisavam de um ambiente para troca de experiências e fortalecimento do convívio comunitário”. Atualmente, o grupo tem 22 integrantes.

A renda de bilro é feita manualmente com o uso de pequenos bastões de madeira (os bilros), que são trançados com linhas fixadas por alfinetes sobre um molde de papelão (com o desenho), colocado sobre almofadas feitas de palha ou espuma.

O Dia do Manezinho acontece desde 2005 no Largo da Alfândega, sempre no primeiro sábado de junho. Organizado pela Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer (SMCEL) e pela Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC), o evento promove atrações da cultura açoriana.

A programação incluiu apresentações como o tradicional Boi de Mamão e a dança do balaio, da peneira e do pau de fita apresentada pelo Grupo Folclórico Olaria de Sambaqui. Paula Costa, natural de Florianópolis, participou de outras edições e diz que “cada vez que assiste às danças recorda as brincadeiras de infância”. O evento teve barracas de gastronomia tradicional, concurso de tarrafa e exposições da cultura local.

A rendeira utiliza 30 bilros na produção do arco de concha, mas o número varia conforme a complexidade do desenho. Foto: Luiz Cucco

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