Evento “Fazendo Gênero” traz acessibilidade a UFSC
Maior seminário internacional de gênero do Brasil conta com infraestrutura inclusiva para pessoas com deficiência
JÚLIA CATANEO
Cadeiras de rodas, abafadores de ruídos, audiodescrição, banheiros trans inclusivos e intérprete de Libras são algumas das medidas adotadas pelo maior seminário internacional de gênero no Brasil, sediado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O “Fazendo Gênero 13 contra o fim do mundo: anticolonialismo, antifascismo e justiça climática” (FG 13) começou na segunda-feira (29) e vai até sexta-feira (2) no campus Trindade, em Florianópolis. O evento conta, pela primeira vez, com uma estrutura de acessibilidade para pessoas com deficiência (PcD).
De acordo com o mapeamento feito pelos organizadores,119 pessoas — das 6 mil inscritas — sinalizaram, durante a inscrição, necessitar de algum recurso de acessibilidade.
“É muito difícil fazer um evento inclusivo em uma universidade nada acessível”, declara a organizadora da Comissão de Acessibilidade do FG 13, Isabella Novelli.
Ela destaca que o primeiro obstáculo enfrentado pela comissão foi a barreira física e, por isso, a inclusão começou na escolha das salas que possibilitem o acesso de PcD ou mobilidade reduzida.
O “QG da acessibilidade” é um espaço da estrutura do evento onde se localizam os monitores-guias e os intérpretes de plantão. A equipe pode ser acionada através de um número de WhatsApp, disposto em cartazes pela UFSC, para auxiliar no deslocamento de participantes ou descrever os ambientes para pessoas cegas, ou com baixa visão.
Foi elaborada uma Cartilha de Acessibilidade, disponibilizada para as palestrantes, que conta com recomendações para que haja um aproveitamento amplo das palestras e oficinas. Entre as medidas indicadas, recomenda-se falar de forma clara e devagar — para possibilitar a leitura labial de pessoas com perda auditiva — e a utilização de fontes grandes em slides e apresentações — para possibilitar a leitura de pessoas com baixa visão e/ou disléxicas.
Também foi disponibilizada uma sala de regulação sensorial para pessoas neurodivergentes. O ambiente calmo e silencioso possibilita a recuperação do excesso de estímulos. O espaço está localizado no Bloco B do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), na sala 302.
Para a monitora Larissa Boing, doutoranda do Programa Interdisciplinar de Ciências Humanas da UFSC, um evento que coloca as questões feministas no centro das discussões não poderia deixar de pensar em uma estrutura operacional voltada à acessibilidade.
“Pensar na inclusão de todos é pensar feminista”, afirma Larissa.

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