Exposição aborda percurso da poesia no pensamento ancestral africano

“Você não pode me assustar mais que o espelho”, da artista plástica Suelen Vieira, está exposta no Centro de Cultura e Eventos da UFSC até 7 de junho

VITÓRIO FLEURY

Adoecimento psíquico, desorganização mental, isolamento e reorganização. A exposição “Você não pode me assustar mais que o espelho”, da artista plástica e poetisa Suelen Vieira, colaboradora da Secretaria de Cultura, Arte e Esporte (SecArtE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), evidencia etapas transmitidas nos itans, contos africanos, que utilizam espelhos. O trabalho está exposto desde o início de junho até 7 de julho, no corredor lateral à livraria Livros & Livros, no Centro de Cultura e Eventos da Universidade do campus Trindade, em Florianópolis.

Por meio do pensar de forma ancestral, a Suelen se inspira na história de Iansã, que se descobre bela através do espelho e Oxum e Iemanjá, que o carregam para dentro e para fora, sendo todos fios condutores da história contada na exposição. 

As figuras religiosas trazem o espelho como um objeto místico, combinado com as pinturas, quadros, colagens, experimentações, erros, tentativas, cura, coragem e vida, na busca pela libertação e boas percepções de si mesmo.

“A frase ‘você não pode me assustar mais do que o espelho’, silabada num dia, veio costurar estas obras, trazer o contexto, o pano de fundo e o pano onde tudo acontece”, diz Suelen. Com influência da poesia e dos itans, a poetisa viveu um período de cinco anos para a produção da exposição, que reflete o mergulho nos espelhos presentes na obra como um processo de cura.

A autora de “Por que escrever de olhos fechados” e “Um lugar só para escrever” tenta inserir o público no desenvolvimento de seus trabalhos.


“O meu desejo é que o público possa fazer parte do fazer, entrar um pouco dentro do processo. Fico com o genuíno desejo de entregar para o público um pouco do processo para além da obra pronta”, explica.


A artista almeja se manter nas temáticas centradas em suas crenças, que têm levado o tom de suas obras, e inserir o público. Segundo ela, “é no fazer que a obra se faz”. “Os reflexos, os espelhos d’água, as mães senhoras, são temáticas que desejo seguir fluindo”, anseia a poetisa.

Suelen pousa com uma de suas obras. Foto: Marina Birindelli

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