CUn aprova manutenção do calendário acadêmico da UFSC

Dentre pareceres apreciados, mais votado foi dos diretores de Centro, com 37 votos favoráveis e 28 contrários à manutenção

CAMILA BORGES

O Conselho Universitário (CUn) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) aprovou a manutenção do calendário acadêmico de 2024, em sessão extraordinária, nesta sexta-feira (7). A reunião ocorreu, a partir das 14h, no auditório Garapuvu do Centro de Cultura e Eventos do campus Trindade, em Florianópolis. 

Três propostas foram apreciadas pelo CUn: o parecer do relator Edgar Bisset Alvarez, favorável à suspensão do calendário acadêmico, o parecer do Diretório Central dos Estudantes (DCE) Luís Travassos, contrário à suspensão, e o parecer do grupo formado por diretores de Centro, também contrário.

Conforme esclarecido pelo presidente do Conselho, o reitor Irineu Manoel de Souza, a sessão adotaria a decisão final com base no parecer mais votado. Assim, o relatório levado em consideração foi o organizado por um grupo de diretores de Centro, com 37 votos favoráveis e 28 contrários à manutenção do calendário acadêmico da UFSC. 

O parecer do DCE obteve 36 votos favoráveis e 28 votos contrários e o parecer do conselheiro Edgar Alvarez contabilizou 26 votos favoráveis e 38 contrários. 

A pró-reitora de Educação Básica e Graduação, Dilceane Carraro, esclareceu que a câmara da graduação decidiu, de maneira unânime, que o segundo semestre de 2024 só será iniciado após a reposição de todas as aulas. Assim, todos os cursos irão começar o segundo semestre letivo na mesma data.

Durante a sessão, a conselheira docente Carolina Bahia realizou a leitura do parecer vencedor, elaborado por diretores de Centro, contrários à suspensão do calendário. O relatório apresentou o resultado das discussões realizadas nos centros. 

De acordo com o relato, nove Centros tiveram posições majoritariamente contrárias à suspensão do calendário acadêmico, enquanto quatro unidades se manifestaram majoritariamente favoráveis à suspensão. Confira o posicionamento dos Centros:

Votaram pela manutenção do calendário:

  • Centro Tecnológico (CTC); Centro de Ciências Jurídicas (CCJ); Centro de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM); Centro de Ciências da Saúde (CCS); Centro Socioeconômico (CSE); Centro de Comunicação e Expressão (CCE); Centro Tecnológico de Joinville (CTJ); Centro de Ciências, Tecnologia e Saúde de Araranguá (CTS); e Centro de Ciências Rurais de Curitibanos (CCR).

Votaram pela suspensão do calendário:

  • Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH); Centro de Ciências Agrárias (CCA); Centro de Ciências da Educação (CED); e Centro de Desportos (CDS).

Antes da votação, o conselheiro universitário de Blumenau Adriano Peres realizou um pedido de vista, alegando o desconhecimento dos impactos da suspensão do calendário. “Não sabemos o que está suspendendo. O meu conselho decidiu que eu solicitasse vista para termos subsídios, porque não sabemos o que estamos interrompendo, professor Irineu”, afirmou.

Após manifestações dos conselheiros universitários, o reitor optou por colocar o pedido de vista em votação. Com 37 votos contrários e 16 favoráveis, o pedido de vista foi negado.

O parecer do DCE também foi lido pela representante discente Emily Santim. O posicionamento estudantil foi tomado em Assembleia Geral Extraordinária, realizada na quinta-feira (5), em que 692 estudantes se manifestaram contrários à suspensão do calendário e 625 favoráveis. 

Durante a leitura, Emily ressaltou que a desinformação propagada pelos representantes dos Centros de Ensino resultou na votação dos estudantes pela manutenção do calendário. Leia um trecho do parecer apresentado pelo DCE:

“É inegável a anormalidade institucional apresentada no parecer original [do conselheiro Edgar Bisset Alvarez]. A UFSC enfrenta um dos piores momentos no que tange a disponibilidade de orçamento. Por toda a Universidade podemos ver as consequências desta precarização materializada na decadente infraestrutura. A greve das categorias é consequência lógica dessa anormalidade causada pela falta de orçamento. Essa análise foi reforçada e confirmada no Conselho de Entidades de Base, onde a ampla maioria dos cursos (representados pelos centros acadêmicos) entenderam pela necessidade de suspensão.

Todavia, devido a inúmeras desinformações divulgadas por representantes dos Centros de Ensino ao longo da semana e o receio dos impactos que a medida apresentaria para cursos menos afetados, o que se observou na Assembleia Geral dos estudantes foi uma clara cisão dos presentes de modo que, a votação foi de 692 votos contrários a 625 votos favoráveis à suspensão do calendário acadêmico neste momento do semestre.”

Alinhado ao discurso de Emily, o conselheiro Jorge Balster, em nome dos técnicos-administrativos em educação (TAEs), discursou que a não suspensão o calendário seria uma ação negacionista. “As universidades vêm sofrendo ataques, governo após governo. Mais uma vez, enfrentamos ações negacionistas. A não suspensão do calendário é virar as costas para a realidade”. 

Jorge também criticou que a decisão é omissa à paralisação das três categorias da Universidade – professores, estudantes e TAEs. Para ele, a categoria mais afetada pela decisão é a dos estudantes, que agora fica à mercê da decisão dos professores de darem aula ou não.

Após a deliberação do CUn, em protesto, um grupo de alunos caminhou até a reitoria, cantando: “É greve! É greve! Até o governo pagar tudo que nos deve!”. 

Veja os registros da sessão:

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