Depois de 20 anos perdidas, composições de José Vieira Brandão são apresentadas na UFSC

Obras nunca documentadas são apresentadas no projeto “Igrejinha Musical

MALENA LIMA

O recital de música de câmara “Brandão Instrumental” foi apresentado na Igrejinha da Universidade Federal Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, na quinta-feira (16). A apresentação faz parte de um resgate das obras de José Vieira Brandão, que foi compositor e pianista da orquestra de Heitor Villa-Lobos, uma das figuras mais importantes da música clássica brasileira, pelo projeto “Igrejinha Musical”, ligado ao Departamento Artístico Cultural (DAC) da Secretaria de Cultura, Arte e Esporte (SeCArtE) da UFSC.

O termo “música de câmara” faz referência a apresentações realizadas em lugares pequenos e com poucos músicos.

Ao longo de sua carreira, José Brandão se dedicou às composições para coro, ou seja, para serem cantadas. Era no tempo livre que compunha peças instrumentais para performances casuais com os amigos. Meses antes de morrer, em 2002, o músico organizou e doou algumas de suas obras ao Museu Villa-Lobos, no Rio de Janeiro.


Parte das composições instrumentais tocadas no recital na Igrejinha da UFSC jamais foram publicadas. “A família de Brandão guardou caixas e caixas com as anotações. Notas borradas, pedaços de peças em guardanapos, algumas faltando compassos. Tem todo um esforço para a gente remontar”, explica a pianista e pesquisadora Mauren Frey, que estuda a obra de Brandão há quinze anos.


Mauren conduziu o recital com o piano junto do violoncelista Franklin Martins e do violinista Juan Rossi. “A gente se juntou por interesse comum de resgate de repertório”, conta Mauren.

Acredita-se que, hoje, a obra de Brandão, nascido em Cambuquira (MG), esteja quase completa no Museu Villa-Lobos. Porém, a maioria nunca foi performada em público ou gravada.

As apresentações na Igrejinha são gravadas pela equipe do DAC e os vídeos são disponibilizados no canal do YouTube do departamento como uma contrapartida aos músicos, que recebem a divulgação.

“Nós começamos com um piano. A acústica aqui é diferenciada e acabou dando certo. Então, expandimos para incentivar a música instrumental”, diz o agente de comunicação do projeto, Alexandre Brandalise.

Com capacidade para um público de aproximadamente 50 pessoas, a “Igrejinha Musical” tem entrada gratuita e deve receber mais quatro apresentações neste ano. As inscrições podem ser realizadas a partir de chamadas públicas semestrais no site do DAC.

Recital de música de câmara “Brandão Instrumental” no projeto Igrejinha Musical. Foto: Malena Lima

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