Rei do maior grupo étnico de Angola visita a UFSC 

Pela primeira vez no Brasil, monarca participa de evento em comemoração aos 48 anos da independência de Angola

ÉRICA ZUCCHI

Tchongolola Tchongonga-Ekuikui VI, rei do maior grupo étnico de Angola, os ovimbundos, participou da abertura do evento 48 anos de Independência de Angola – quais caminhos e perspectivas seguir?. A cerimônia ocorreu no auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, na terça-feira (31). Com o auditório lotado, muitas pessoas sentaram no chão e outras acompanharam pelo lado de fora, no telão.

Ekuikui VI é o 37° monarca do reino subnacional do Bailundo, pertencente ao povo de ovimbundo, que corresponde a mais de 30% da população angolana, equivalente a 10,5 milhões de pessoas. O rei discursou em umbundu, língua oficial do Bailundo, com a presença de intérprete para tradução simultânea.


No discurso, a majestade destacou a necessidade dos afrodescendentes brasileiros se reconectarem com os ancestrais.  “Os pretos e negros que estão no Brasil não são filhos de escravos, são filhos de reis e rainhas da África.” A frase gerou comoção na plateia, que de pé, aplaudiu por cerca de dois minutos. 


Rei angolano Tchongolola Tchongonga-Ekuikui VI e sua comitiva em evento na UFSC. Foto: Érica Zucchi

Coordenadora da vinda do rei para a UFSC e cofundadora da Associação dos Naturais e Amigos de Angola (Anang), Graça Fortes definiu a noite como histórica para a universidade e destacou a relevância das pesquisas e estudos desenvolvidos sobre a África. Apresentações de dança, poesia e músicas típicas da cultura angolana também fizeram parte da programação. 

“Muitas vezes as pessoas entram em contato com as nossas tradições por um viés racista. Buscar entender a realidade dos povos africanos é necessário para desfazer preconceitos e combater a marginalização”, afirmou Érika Yolely integrante da Associação dos Angolanos em Florianópolis  (Assaf). Érika declarou ainda que a presença do rei traz a sensação de pertencimento aos descendentes de africanos e que o evento é importante para acabar com ideias equivocadas sobre a cultura angolana.

O rei Ekuikui VI permanece em Santa Catarina até 2 de novembro. No período, realizará encontros com representantes de movimentos negros e visitará quilombos, com o objetivo de reforçar as relações entre brasileiros e angolanos e incentivar o desenvolvimento da cultura africana. Antes de passar por Santa Catarina, o rei esteve em São Paulo e ainda cumprirá agenda no Rio de Janeiro e na Bahia.

O evento em comemoração aos 48 anos da independência de Angola é realizado em parceria com a Assaf e o Instituto Kadila. A programação segue até 2 de dezembro, com apresentações culturais e acadêmicas, atividades esportivas e celebrações, que vão ocorrer na UFSC, na escola Beatriz de Souza Brito e na servidão Crescêncio Francisco Mariano, no bairro Pantanal. 

Auditório do CFH lotado acompanha a fala do rei Ekuikui VI. Foto: Érica Zucchi

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