Em Florianópolis, 330 cobradores de ônibus correm risco de demissão

Após desligamento em massa durante a pandemia, trabalhadores que seguem ativos tinham estabilidade somente até 1º de maio

FERNANDA ZWIRTES

O Dia do Trabalhador teve um significado diferente para os 330 cobradores de ônibus da
Grande Florianópolis neste ano. É a data limite contratual para garantia dos cargos que
seguem ativos. Nas próximas duas semanas, o Sindicato de Trabalhadores de Transporte
Urbano (Sintraturb) e o Consórcio Fênix, responsável pelo transporte urbano na capital,
devem decidir se os cobradores serão demitidos, remanejados ou se permanecem na
função. O acordo, discutido desde abril, implica a possível extinção da categoria.

Durante a pandemia, mais de 1,2 mil trabalhadores do transporte público foram
demitidos — a grande maioria, cobradores. Com a discussão da permanência dos
remanescentes, o receio do Sintraturb e dos funcionários é que seus direitos não
sejam respeitados, pois, para muitos, a rescisão não foi paga até hoje. O acordo entre o
Consórcio Fênix e o Sintraturb definiu que o pagamento seria feito em 16
parcelas. Dois meses após a decisão, ocorrida em novembro de 2020, seis empresas
entraram em recuperação judicial e cinco não cumpriram o acordo – Estrela, Insular,
Emflotur, Jotur e Biguaçu. “Estamos enfrentando uma batalha para garantir nossos
direitos e manter a estabilidade dos cobradores”, confirmou Antônio Carlos Martins,
secretário de organização do sindicato.

Desde 2000, a presença de cobradores nos ônibus da cidade é debatida entre o sindicato,
as empresas e a prefeitura de Florianópolis. O número de cobradores em atividade
diminui a cada ano. Em 2021, o Sindicato de Empresas de Transporte Urbano (Setuf)
publicou uma nota alegando que os cobradores seriam remanejados para outras funções,
com reajuste salarial. Na prática, os demitidos não foram realocados para serem
motoristas ou fiscais. “Para as empresas, somos apenas números, não temos garantia
que nossos direitos serão respeitados”, alegou um cobrador que preferiu não se
identificar. Mais de 200 mil passageiros são impactados diariamente pela presença dos
cobradores nas linhas atuais.

A previsão é que até 10 de maio a decisão final seja tomada. O Sintraturb defende que é
necessário apoio popular, pois a decisão interfere diretamente no cotidiano dos usuários
do transporte público. “Com o apoio da sociedade, teríamos mais visibilidade e a luta
para manter os trabalhadores seria mais fácil”, concluiu Antônio Carlos.

O Fatual entrou em contato com o Consórcio Fênix, que respondeu que “essas questões estão sendo tratadas nas reuniões para o acordo coletivo” e que, por isso, não tem “maiores informações”. O espaço permanece aberto e o texto poderá ser editado.

Terminal de ônibus em Florianópolis. Foto: Reprodução/Luiz Gustavo Silva de Freitas

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