DCE aprova greve estudantil na UFSC

Mais de 600 estudantes aderem à greve nacional da educação, junto a professores e TAEs

JÚLIA CATANEO E MAITÊ SILVEIRA

“A nossa luta é todo dia, educação não é mercadoria” cantavam os mais de 600 participantes credenciados na assembleia do Diretório Central dos Estudantes Luís Travassos (DCE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) ao aprovarem a greve estudantil. A sessão de terça-feira (14), no hall do Centro Socioeconômico (CSE), foi convocada pelo DCE – entidade representante dos graduandos da UFSC e do Colégio de Aplicação – para votar a adesão dos estudantes à greve nacional e discutir encaminhamentos para a  mobilização.

Sem votos contrários e com apenas uma abstenção, a greve estudantil foi deflagrada. Há exatos cinco anos, também no hall do CSE, os universitários construíam o “Tsunami da Educação”, movimento contrário aos cortes de verbas da educação pública pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Para o coordenador geral do DCE, Artur Favaretto, “é necessário reviver o espírito de luta”.

Veja o momento em que a greve foi deflagrada:

Imagens: Nathaly Bittencourt

Entre as demandas atuais, a recomposição orçamentária dos Institutos e Universidades Federais é a principal. Na UFSC, o corpo estudantil também reivindica pautas contrárias ao sucateamento da educação pública e à precarização de bolsas e infraestrutura.

As falas de abertura foram feitas pelos Técnicos-Administrativos em Educação (TAEs), em greve desde 11 de março, e docentes, em greve há uma semana. Ambas as categorias propuseram unificar o comando de greve.


“O nosso ‘carro-chefe’ é salvar a educação pública brasileira”, defendeu o representante dos TAEs, Jorge Cordeiro Balster.


“É preciso entender a UFSC como uma extensão da comunidade. Os estudantes devem se juntar aos professores e TAEs e mostrar o potencial de transformação”, completou Favaretto, que também presidiu a mesa.

Ao todo, 17 cursos já haviam aderido à greve antes da assembleia e as representações acadêmicas compartilharam pautas específicas de cada graduação. Os estudantes ressaltaram a necessidade de manutenção de espaços dos campi, com destaque à Biblioteca, Hospital e Restaurante Universitários. 

Foram dedicados 25 minutos aos encaminhamentos finais, votados em blocos temáticos. Além da greve deflagrada por contraste visual – método informal de contagem utilizado nas assembleias estudantis –, os credenciados aprovaram incluir à mobilização pautas da moradia estudantil, Colégio de Aplicação, bolsas estudantis, permanência indígena, suspensão do calendário acadêmico e apoio à causa da Palestina. Os estudantes também reforçaram a posição contrária à reestruturação da resolução normativa nº 017/CUn/97, que regulamenta os cursos de graduação. 

Em relação às ocupações e barricadas dos espaços da UFSC, há discordância entre o corpo estudantil. Apesar do resultado ser contrário a uma greve de ocupação no primeiro momento, uma parcela dos estudantes acredita que a estratégia é a única efetiva para uma mobilização geral. 

Entre eles, o representante do Centro Acadêmico de Biologia, Murilo Vieira da Rosa, reforçou a posição. “Nós, da Biologia, somos os únicos que ocupamos nosso prédio. Muitos professores continuaram dando aula, e a gente viu a ocupação como necessária para fazer jus à greve”, defendeu.

Com a deflagração da greve, as próximas ações serão discutidas pelo Comando de Greve, que será composto por dois membros do DCE e um membro de cada curso de graduação da UFSC. No encerramento da assembleia, Favaretto destacou a importância de não esvaziar a Universidade. “A mobilização se constrói com presença. É preciso engajar e estar presente para fazer um movimento forte”, afirmou.


Ao saírem do hall, os estudantes cantavam: “tira o pijama, greve não se faz na cama!”.


Estudantes da UFSC durante Assembleia Geral do DCE no hall do CSE. Foto: Júlia Cataneo

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