Servidores da Comcap votam pela continuidade da greve após decisão judicial

“Nossos colegas estão morrendo pela falta de manutenção nos equipamentos”, diz trabalhador da Comcap sobre embate com a prefeitura

LUIZA FEPPE

Mesmo com as chuvas que atingiram Florianópolis na sexta-feira (03), os servidores da Autarquia de Melhoramentos da Capital (Comcap) se reuniram na sede da empresa, localizada no Estreito, para uma assembleia que decidiu pela continuidade da greve deflagrada por tempo indeterminado, na quarta-feira (01).

Estavam presentes 80 servidores, representando os 1.494 grevistas que pedem pela renovação do acordo coletivo, sem perda de direitos. A assembleia foi organizada após a decisão da desembargadora Denise Francoski, protocolada pela prefeitura de Florianópolis (PMF), que declarou a greve como ilegal. 

De acordo com a decisão judicial, a Comcap deve retomar as atividades de coleta em até 48 horas, com o prazo de 15 dias para contestação do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (Sintrasem). Em caso de descumprimento, a ordem judicial impõe o pagamento de multa no valor de R$ 100 mil por dia. O Sintrasem informou que não foi notificado da decisão da desembargadora.

O secretário-geral do Sintrasem, Valcioni Fernandes, afirma que a categoria se mantém em greve até que o prefeito Topázio Neto (PSD) apresente um acordo. “É fácil tomar uma decisão escutando apenas um dos lados. Estamos abertos para negociação, ao contrário do prefeito que prefere fazer discurso nas redes sociais para ameaçar os trabalhadores que estão exercendo um direito deles permitido na Constituição”, argumenta o secretário-geral.

“O que encerra a greve é proposta”, indica o comunicado do Sintrasem, que pede uma renovação do acordo coletivo. Os pedidos no acordo incluem a garantia de reposição salarial e a apresentação de propostas sobre as aposentadorias, contra o projeto Plano de Incentivo à Aposentadoria (PIA).

O projeto é vinculado ao desligamento dos servidores da Comcap e está em tramitação na Câmara Municipal. Segundo o secretário-geral do Sintrasem, o PIA reforça a intenção da prefeitura em terceirizar os trabalhos de coleta e reciclagem de lixo na capital.

Charles Pires, servidor da Comcap, afirma que a contratação de empresas terceirizadas não impede novas greves, já que a instituição operando no norte da ilha também paralisou seus serviços, em outubro de 2023, por atraso nos salários.


“Falar nas mídias que a Comcap custa R$ 400 a tonelada e que a empresa terceirizada custa R$200 é fácil. A terceirização eleva o custo do serviço. Essa matemática é burra, infelizmente a população acaba acreditando”, protesta o servidor.


A prefeitura de Florianópolis não se manifestou diante do pedido de negociação dos trabalhadores. Em nota, a PMF afirma que apresentou uma proposta à Comcap na terça-feira, 31 de outubro, que prevê um reajuste de salário aos servidores dentro de uma variação dos índices de preço, que divergem entre 4% e 5%.

Servidores da Comcap deixam a sede da empresa para fazer comando de greve nas ruas. Foto: Valdinei Marques
O lixo se acumula no cruzamento das ruas Felipe Schmidt com Trajano, no centro de Florianópolis. Foto: RoFepe

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