Com palestras sobre fungos e segurança alimentar, festival de divulgação científica em bares encerra seu último dia em Florianópolis

“Pint of Science”, maior evento de divulgação científica em bares e restaurantes do mundo, foi realizado em 123 cidades brasileiras

LARA APOLINÁRIO E GABRIEL CHRISTEN

Já pensou em ter uma aula sobre fungos sentado em uma mesa de bar? Florianópolis foi uma das 20 capitais brasileiras a receberem o festival “Pint of Science”, que teve seu encerramento na última quarta-feira (24). O evento promove palestras com temas acadêmicos em bares e restaurantes por todo o mundo desde 2013, e ocorre em Florianópolis anualmente desde 2017. Mais de 400 cidades em 26 países receberam a edição deste ano.

As palestras começaram na noite do dia 22 de maio e foram até dia 24. Elas foram realizadas nos bares Boteco Bacana, no bairro Santa Mônica, e no Centro Social da Cerveja (CSC), na Carvoeira. Os dias escolhidos foram pensados para dar mais movimento nos locais e aumentar o consumo e as vendas, afirma Eduardo Mundins, gerente do CSC.

Maria Alice Neves, professora de Biologia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e especialista em Reino Fungi, foi uma das palestrantes no último dia do evento. O tema “Fungos muito além da ficção científica” foi escolhido pela relevância do assunto devido ao sucesso da série televisiva The Last Of Us, que retrata um futuro apocalíptico causado por um fungo.


“Embora a ficção seja aterrorizante, os fungos são organismos encantadores, sem os quais a vida não existiria do jeito que a conhecemos”, explica Maria. A palestrante abordou as curiosidades e usos dos fungos, que ficam no anonimato, como na produção de couro e de antibióticos.


O futuro da indústria alimentícia também foi debatido na última noite. “Carne Cultivada e Segurança Alimentar” foi o tema apresentado por Ana Carina Vasconcelos, professora da UFSC e especialista em reprodução animal e biologia molecular.

Com a falta de alimentos no mundo, a carne cultivada geneticamente pode ser uma solução. O público teve a experiência de entender a ciência por trás desse alimento, bem como os riscos que seu consumo oferece à segurança alimentar da população.

Para Marcelo Girardi Schappo, professor de Física do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e palestrante do “Pint of Science”, eventos como este tem sua importância. “O Pint of Science, além de ser importantíssimo para a comunidade, vai de encontro de uma das funções sociais da universidade, que é democratizar o conhecimento”, diz Marcelo.

Mais de 550 pessoas assistiram às palestras durante os três dias. Andrea Pimenta, professora da UFSC e organizadora do evento em Florianópolis, afirma que nunca foi tão fundamental quanto agora, após a pandemia, trazer assuntos científicos para fora da academia. “É importante chegar nas pessoas e falar o que estamos

fazendo dentro da universidade”, diz. Ela confirmou que Florianópolis está no calendário do evento em 2024. A expectativa é que o “Pint of Science” retorne para a capital nos dias 13, 14 e 15 de maio do ano que vem.


“A nossa intenção é levar, além do conhecimento, informação de qualidade para as pessoas, que muitas das vezes estão desinformadas”, afirma Gustavo de Almeida, coordenador nacional do festival.


Cartaz de cronograma do evento em Florianópolis. Foto: Reprodução/Pint of Science/UFSC

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