SINTUFSC prioriza mobilização contra a reforma administrativa e adia debate sobre greve.

Em assembleia, entidade decidiu fortalecer base antes de deflagrar greve; posse de nova diretoria reforçou apoio institucional

LETÍCIA LAURA

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (Sintufsc) decidiu adiar o debate sobre greve e investir em um plano de mobilização interna contra a  Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/2020, em tramitação no Congresso Nacional. A medida foi aprovada em Assembleia Extraordinária realizada em 18 de setembro, às 9h, no auditório da Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A avaliação foi de que a base ainda não está suficientemente organizada para sustentar uma paralisação.

Com mesa formada pelos técnicos-administrativos em Educação (TAEs)  Jorge Balster, Gabriela Carvalho e Renato Ramos Milis — também coordenadores gerais da gestão 2025-2028 do Sintufsc —, a assembleia teve 47 assinaturas de presença. O encaminhamento principal foi não deflagrar greve, mas criar um Grupo de Trabalho (GT) para organizar ações setoriais, produzir materiais de comunicação e ampliar articulações estaduais e nacionais contra a reforma administrativa da PEC 32/2020.

A medida responde ao Informe de Direção (ID) nº 25 da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra), que propôs a realização de assembleias das entidades de base. As deliberações devem ser informadas à Fasubra até 26 de setembro. 

O tom das falas foi de forte crítica à proposta em tramitação. O servidor Jorge Balster sintetizou a preocupação ao afirmar que “a reforma administrativa vai acabar com o serviço público”. Entre os riscos apontados estão salários iniciais limitados a 50% do teto da carreira, ampliação de contratações temporárias, restrições ao teletrabalho e a fragilização da estabilidade. O coordenador da última gestão,  Renato de Mello Garcia, argumentou que, apesar de ainda ser vista como um privilégio, a estabilidade é “um mecanismo de combate à corrupção”. 

Segundo Garcia, a discussão sobre greve ainda está em estágio inicial na base e precisa amadurecer antes de qualquer deliberação. A jornalista e servidora Elaine Tavares chamou atenção para os desafios da comunicação sindical: “Vivemos a era das bolhas. Se eu não estiver no teu grupo, nunca vou ouvir tua opinião.”

Elaine Tavares apontou desafios para a comunicação sindical na assembleia do Sintufsc. (Crédito: Letícia Laura)

Quatro dias após a assembleia, em 22 de setembro, o sindicato empossou a nova diretoria para o triênio, no auditório do Sintufsc, às 18h. O reitor Irineu Manoel de Souza participou do ato, parabenizou as gestões e se colocou à disposição para “diálogos mais duros” no futuro. “Um sindicato livre fortalece a universidade pública”, defendeu. 

Em nome da nova gestão, o coordenador Jorge Balster elogiou as conquistas da greve de 2024, sobretudo, a união dos TAEs com os estudantes e docentes. Balster também pediu que todas as categorias da universidade “deem as mãos” para lutar por seus direitos. “Gosto de ver essa nova geração pegando firme”, disse.

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