Comunidades de Florianópolis consideram polícia principal promotora de medo e violência, aponta relatório

Realizado pelo Instituto de Memória e Direitos Humanos da UFSC e Udesc, texto reúne queixas de opressão estatal em regiões periféricas

GUILHERME KUHNEN

O Instituto Memória e Direitos Humanos (IMDH) publicou, na quarta-feira (24), o texto final do relatório Representações da Violência Policial: rodas de conversa com comunidades e profissionais de Florianópolis. Realizado como parceria entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), a conclusão do trabalho apontou que, para os moradores, a polícia é a principal promotora da violência nas comunidades. 

De acordo com o texto, além do dano físico e patrimonial sofrido, a população se queixa da intimidação e do medo causados pelas ações policiais. “Não diferenciam quem é do crime e quem é trabalhador”, afirma um dos moradores entrevistados.

O projeto foi desenvolvido com base em 13 rodas de conversa conduzidas por professores e estudantes universitários entre novembro de 2021 e junho de 2024. Ao longo do processo, mais de cem pessoas participaram dos encontros, incluindo população de comunidades periféricas da região metropolitana de Florianópolis, representantes de entidades civis, membros da Defensoria Pública Estadual e do Ministério Público de Santa Catarina. 

Uma das autoras do relatório, professora Clarissa Dri, do Departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSC, diz que a dificuldade em acessar dados referentes à intervenção policial nas comunidades, os levou à coleta de informações por meio de relatos. “Nós aprendemos nesse processo que o diálogo e a escuta são instrumentos muito poderosos de mudança social”.

O relatório na íntegra está disponível no site do Instituto Memória e Direitos Humanos. Criado em 2020 com o objetivo de formar um acervo memorial sobre direitos humanos, o IMDH comporta atividades de ensino, pesquisa e extensão da UFSC e da Udesc. 

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