Instituição para idosos se mantém há mais de século sem auxílio governamental

Com lotação e fila de espera, asilo centenário lida com falta de verba e profissionais especializados

NATHALIA LUNA

O Asilo Irmão Joaquim abriu as portas pela primeira vez em 1910, na avenida Mauro Ramos, no centro de Florianópolis, e se mantém desde então por meio de doações da comunidade e ações de voluntários, sem receber auxílio governamental. Com capacidade máxima de 40 pessoas ocupada, a instituição enfrenta redução na verba de donativos nos últimos meses, de acordo com funcionários. Há também mantém uma lista paralisada de espera para os que desejam acolhimento. Atualmente, o lar acolhe 20 homens e 20 mulheres, em quartos masculinos e femininos. A mais idosa tem 91 anos, e a mais nova 75.

Sandy Póvoas dos Santos, assistente social do asilo há seis anos, diz que a instituição passa por instabilidade financeira. “Como dependemos de doações, não temos uma renda mensal fixa, o que dificulta o planejamento e a continuidade dos serviços”, explica.

“As despesas são elevadas: alimentação, medicamentos, manutenção do espaço, contas básicas e salário dos trabalhadores exigem esforço para equilibrar as finanças”, relata. Ao ser questionada sobre o orçamento mensal e salário dos funcionários fixos, optou por não divulgar números.

Sandra Ramos e José Antônio Prates, jogam cartas juntos na área externa do asilo. Foto: Nathalia Luna

Segundo Maria de Fátima Amorim, voluntária há 15 anos, o número adequado de cuidadores também deixou de ser alcançado. Às terças-feiras, 18 voluntários atendem em grupo, nos demais dias, o atendimento é individual e o número cai para 10. “A correria fica grande, porque tem o horário do banho, de dormir, dos remédios, falta gente qualificada para fazer as coisas funcionarem.” Ela destaca que a saúde dos idosos requer vínculo pessoal para os cuidados necessários.

No lar funciona uma enfermaria 24h, que recebe o apoio de um médico, um fisioterapeuta e uma psicóloga, e oferece refeições preparadas por profissionais da cozinha, acompanhadas por uma nutricionista. Outra equipe extensa é destinada a limpeza e lavanderia, da qual Andréia Ferreira e Raissa Ester fazem parte e trabalham em esquema de revezamento, mantendo os quartos organizados e as roupas lavadas.

Com a falta de cuidadores, a lista de espera cresce e não avança, pois não existe suporte para mais residentes, e pouco há para os que já passam seus dias no lar. Maria de Fátima afirma que “o maior problema é o idoso sem assistência e dignidade numa instituição, o funcionamento daqui caminha em passos lentos”.

“Oferecemos o que temos, a habilidade que possuímos e a vontade de fazer a diferença. Os idosos sentem o carinho ou falta dele, eles precisam ser olhados e amados”, explica.

Cuidadora voluntária do Asilo Irmão Joaquim auxilia idosa residente do lar, durante bingo à tarde. Foto: Nathalia Luna

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